Procedimento conduzido por residente de Medicina de Família e Comunidade reforça a resolutividade da APS

Na Unidade de Saúde da Família (USF) Paulo Coelho Machado, a cena é de uma precisão silenciosa, sob a luz focada, o Dr. Túlio, médico residente de Medicina de Família e Comunidade, realiza a remoção de um nevo cutâneo – um sinal de pele – de um morador do bairro. Ao seu lado, um preceptor, um médico mais experiente, supervisiona cada movimento, este procedimento, embora considerado de pequena complexidade, representa uma revolução e um dos avanços mais significativos na saúde pública brasileira: a crescente capacidade de resolução da Atenção Primária à Saúde (APS).

Campo Grande, MS – O que aconteceu na USF Paulo Coelho Machado é muito mais do que uma pequena cirurgia, é a materialização de um novo paradigma para o Sistema Único de Saúde (SUS). Por décadas, o imaginário popular consolidou a imagem dos "postinhos" como locais de triagem, vacinação e encaminhamento. Um lugar onde problemas mais complexos eram invariavelmente destinados a uma longa jornada de filas por especialistas e hospitais. A iniciativa, no entanto, demonstra que a "porta de entrada" do sistema pode, e deve, ser também uma porta de saída, resolvendo a grande maioria das necessidades de saúde da população diretamente no seu território.

Este movimento estratégico, conhecido no jargão da saúde como "ampliação da resolutividade da APS", é a resposta do SUS ao desafio de oferecer um cuidado mais rápido, eficiente e, sobretudo, mais humano, combatendo a frustração do paciente que, por um problema simples, era forçado a peregrinar por diferentes pontos da rede de saúde.

O Fim da "Cultura do Encaminhamento"

Para entender o impacto de uma exérese de nevo ser realizada na USF, é preciso visualizar o fluxo tradicional. Um paciente nota um sinal de pele que o preocupa. Primeiro, ele agenda uma consulta com o médico da família. Se o profissional na unidade não estivesse habilitado a realizar o procedimento, ele emitiria um encaminhamento para um dermatologista ou um cirurgião. O paciente, então, entraria no sistema de regulação do município, aguardando em uma fila que pode levar meses. Após a consulta com o especialista, caso a remoção fosse indicada, ele entraria em outra fila, desta vez para o procedimento cirúrgico em um centro de especialidades ou hospital.

"Esse caminho, além de demorado e gerador de ansiedade para o paciente, sobrecarrega os especialistas com casos de baixa complexidade que poderiam ser perfeitamente manejados por um médico de família bem treinado", analisa um gestor de saúde pública. "Enquanto um dermatologista está removendo um nevo benigno, ele poderia estar diagnosticando um melanoma em estágio inicial ou tratando uma doença de pele complexa. A resolutividade na APS otimiza todo o sistema".

Ao realizar o procedimento na própria USF, o Dr. Túlio, sob supervisão, não apenas resolveu o problema do paciente em um tempo drasticamente menor, como também liberou uma vaga no sistema de regulação para alguém com uma necessidade mais urgente. Multiplique essa ação por milhares de unidades de saúde em todo o Brasil, realizando não só a remoção de lesões de pele, mas também outros procedimentos como drenagem de abscessos, suturas, retirada de unhas encravadas (cantoplastia) e inserção de DIU, e o impacto na redução de filas e custos para o sistema torna-se monumental.

A Ciência por Trás do Procedimento: Prevenção e Diagnóstico Precoce

A remoção de um nevo cutâneo vai além da questão estética. É um ato fundamental de vigilância em saúde. O Brasil é um dos países com maior incidência de câncer de pele no mundo, e o melanoma, sua forma mais agressiva, pode se originar de um sinal preexistente. O médico de família e comunidade é treinado para avaliar lesões de pele utilizando critérios dermatoscópicos e a conhecida regra do "ABCDE":

  • Assimetria: uma metade do sinal é diferente da outra.

  • Bordas: as bordas são irregulares, entalhadas ou mal definidas.

  • Cor: a cor não é uniforme, apresentando tons de marrom, preto, e por vezes, áreas avermelhadas, brancas ou azuis.

  • Diâmetro: o sinal tem um diâmetro maior que 6 milímetros.

  • Evolução: o sinal muda de tamanho, forma, cor ou apresenta sintomas como coceira ou sangramento.

Na consulta, o médico da família avalia a lesão. Se for benigna, mas causar desconforto ou estiver em uma área de atrito, sua remoção na própria unidade melhora a qualidade de vida do paciente. Se houver qualquer suspeita de malignidade, a exérese com envio do material para biópsia (análise laboratorial) é crucial. Realizar este procedimento de forma ágil na APS significa obter um diagnóstico precoce, o que, no caso do câncer de pele, eleva as chances de cura para mais de 90%.

Formando Médicos para o SUS que o Brasil Precisa

A presença do residente Túlio e de seu preceptor não é um detalhe, mas sim o cerne da estratégia. A Medicina de Família e Comunidade (MFC) é uma especialidade médica, com um programa de residência de dois anos, focada em formar profissionais com alta capacidade para atuar na Atenção Primária. Esses médicos desenvolvem competências que vão da puericultura (acompanhamento de crianças) à geriatria, da saúde da mulher à saúde mental, e incluem a habilitação para realizar uma série de pequenos procedimentos.

O modelo de preceptoria, onde o residente aprende na prática sob a tutela de um especialista experiente, garante a segurança e a qualidade do atendimento. Ao mesmo tempo, transforma as unidades de saúde em potentes centros de formação, preparando uma nova geração de médicos com a mentalidade de resolver, e não apenas encaminhar. Esse investimento na formação é o que garante a sustentabilidade e a expansão desse modelo de cuidado.

O Valor do Vínculo: Cuidando de Pessoas, Não Apenas de Doenças

O maior diferencial, no entanto, pode não ser o bisturi, mas a relação de confiança. O paciente que teve seu sinal removido na USF Paulo Coelho Machado foi atendido por um médico que ele provavelmente já conhecia, que talvez atenda seus filhos ou seus pais. Ele estava em um ambiente familiar, perto de sua casa. O acolhimento, a escuta atenta às suas preocupações e a proximidade são componentes terapêuticos tão importantes quanto a técnica cirúrgica.

"Quando o paciente confia na equipe que o atende, a adesão a qualquer tratamento é muito maior. Ele se sente seguro para tirar dúvidas, para relatar um sintoma novo. Esse vínculo é a base de todo o cuidado em saúde", relata o preceptor. Essa relação de confiança desmistifica procedimentos médicos, reduz o medo e a ansiedade, e fortalece o papel da USF como o centro de referência da saúde para aquela comunidade.

Ao final, o procedimento na USF Paulo Coelho Machado é um retrato poderoso do futuro do SUS: um sistema que não espera o agravamento da doença para agir, mas que atua de forma proativa e resolutiva na comunidade. É a ciência médica se aliando ao cuidado próximo, garantindo que a mais alta tecnologia disponível na saúde seja, em primeiro lugar, a capacidade de resolver a vida das pessoas de forma simples, segura e acessível, ali mesmo, na esquina de casa.

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